Paula

de Isabel Allende

“A doença e a morte de Paula foi o que mais de grave e doloroso aconteceu na minha vida. Aconteceu justamente quando fiz 50 anos e marcou o fim da minha juventude. Trago sempre uma certa tristeza no meu coração. Às vezes, alguém menciona a minha filha, ou passo por uma rapariga na rua vestida de calças de ganga, camisa branca e rabo de cavalo, como Paula, e começo a chorar. Essa tristeza é minha amiga e não quero “superá-la”, como dizem os psicólogos, porque me faz mais humana, mais compassiva, mais paciente. O espírito da minha filha acompanha-me sempre, guia-me, serve-me de inspiração. Desde que ela morreu desenvolvi uma prática espiritual de meditação e estudo que é muito importante para mim.”

Estas foram as palavras de Isabel Allende, escritora chilena e autora do livro Paula, quando foi entrevistada pelo jornal i. Paula “é um documento multi-biográfico... é tanto um diálogo à cabeceira de uma doente clinicamente privada de consciência, como um solilóquio de grandeza e fragilidade, a tentativa de unir a ideia de Amor ccomo única ponte de salvação humana, à realidade do sofrimento tantas vezes absurdo e indecoroso.”